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Negociação de superdívidas: como funciona na prática?

Longas negociações até um único objetivo ser alcançado: abater dívidas gigantescas através dos Procons ou advogados para processos judiciais. Como são essas negociações na prática e o que faz uma pessoa adquirir uma superdívida? Confira no post de hoje com a Ressarcenet!



18 meses, 36 ligações e 95% de desconto: como funciona uma negociação de superdívidas


Uma reportagem do G1 confirmou que "depois de um ano e meio, 36 ligações com credores e muita dificuldade, Eliane teve o maior alívio da sua vida: ouvir do fundo que comprou sua dívida de R$ 900 mil que ela poderia quitá-la por R$ 40 mil – um desconto de 95,5%. Ela topou o acordo na hora."


O dinheiro que ela pegou emprestado com o banco era muito menor que os R$ 900 mil, mas escalonou em juros atrás de juros até se tornar impagável. Quebrada e sem condição de arcar com aquele montante, ela procurou o advogado especializado em superendividamento Demétrius Dalcin para ajudá-la. E foi aí que a saga começou. Mas você sabe na prática como surgem as super dívidas e o que fazer para não cair nessa armadilha de difícil resolução? Nós contamos para você:


Eventos, juros compostos e endividamento progressivo

Há diversas causas para as dívidas impagáveis. A maioria dos superendividados sofreu algum evento extraordinário. O diretor adjunto de atendimento e orientação ao consumidor do Procon de SP, Rodrigo Tritapepe, comenta: "São acidentes da vida. Por exemplo, a mulher que é abandonada pelo marido, no caso dos lares em que o homem é o alicerce financeiro da família, pessoas que perdem o emprego, sofrem acidente de trabalho e uma série de atividades não esperadas, como a pandemia ou a recessão”.


No entanto há um grande vilão nessa história: os juros compostos. Eles são taxas cobradas mensalmente que adicionam valores às dívidas, fazendo com que uma dívida não paga, aumente 5, 10, 15% e até percentuais maiores e casos específicos.


Se você não paga a sua dívida em dia, pode ter certeza que o prejuízo será grande no final. Claro que existem o consumismo desenfreado e as pessoas que deliberadamente escolhem não pagar as dívidas, mas estas são exceção entre quem busca ajuda.

“Em média, em São Paulo, a pessoa deve para três credores e quase R$ 35 mil para cada. E ela tem uma renda de um salário mínimo. Como ela paga essa conta? Então o que acontece é que a pessoa vai para a negociação com uma margem muito pequena de dinheiro, não consegue nem comprar comida e a luz está cortada", confirma Rodrigo Tritapepe.



Como resolver pelo Procon


Segundo o diretor do Procon de SP, "recebemos mais de 600 protocolos de ajuda por semana. Pelo alto volume, o modelo de audiência presencial ficou para trás no estado, e o processo costuma ser digital. A pessoa preenche todos os dados na internet e passa por uma entrevista com um analista, que vai montar um plano de pagamento e mandar e-mail para cada um dos credores.


Analisamos os juros e os contratos do consumidor. E aí nossos analistas vão tentar sensibilizar o credor, vamos pedir mais tempo, menos juros. Ele diz: ‘Pô, aqui você consegue melhorar um pouquinho. Tira um pouquinho aqui'. É um negociador, né? Uma turma que está lá especializada e só faz isso. Então, eles têm uma mão muito sensível, são funcionários diferenciados e treinados para entender o momento delicado daquele consumidor”, explica Tritapepe, diretor do Procon paulista.


Então, os técnicos marcam uma primeira entrevista, que costuma durar duas horas. Nela, eles vão perguntar todos os detalhes da vida financeira do consumidor. Depois da reunião, o técnico pede para que o consumidor reúna todos os contratos e documentos que comprovem suas dívidas. A partir daí, ele vai notificar todos os fornecedores e ver quais deles estão dispostos a negociar.


Esse processo também pode ocorrer judicialmente. É nessa área que o advogado Demétrius Dalcin atua desde 2014. Hoje, ele atende cerca de 600 pessoas por mês, entre superendividados e pessoas que foram vítimas de contratos abusivos de financiamento ou empréstimo. Seus clientes devem desde valores baixos até montantes que chegam a R$ 10 milhões para mais de 15 credores diferentes.


Parece muito, mas o número total de devedores processados no estado é muito maior, ele diz. “Se você vir as listas de distribuição de ação judicial, entre busca e apreensão, execução e moratória, sai uma média de 400 a 500 ações por dia no estado de São Paulo. Estamos falando de 15 mil devedores sendo processados por mês."

Dalcin explica que as negociações costumam levar de seis meses a dois anos, em média. E a maioria termina em acordo extrajudicial e processo extinto.

No começo da batalha judicial, o juiz pergunta se as partes têm interesse em fazer uma audiência de conciliação. Mas, na maioria das vezes, as partes não chegam a um acordo e o processo tem início.


Uma vez iniciado, o banco ou a empresa começam a fazer pressão. Eles ligam a cada 15 dias com propostas. O advogado recebe a proposta e vê se o cliente tem condição de pagar. Conforme o tempo passa, ela vai ficando mais vantajosas para o cliente, que, nesse meio tempo, é orientado a guardar dinheiro e mudar sua rotina financeira e se apertar de todos os lados para conseguir, em algum momento, de fato fechar a negociação.

Segundo Dalcin, 95% dos processos são resolvidos nessas negociações por telefone. E consegue-se chegar a 70% de desconto da dívida, geralmente. Ou, em casos extraordinários, um acordo até mais vantajoso, como o contado na abertura da matéria: 95% de desconto.

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